sábado, 16 de fevereiro de 2013

"O problema não é z, são os z-istas"




 “Nunca subestime o poder de muita gente burra junta.”
George Carlin

O fungível momento aniquila-se em sua gênese. Somam-se páginas, tomos, apanhados de todos os tipos ao nauseabundo orbe da Literatura. Assenta-se a poeira sobre a inércia das coisas inertes. A velhice rói os ossos, faz fenecer os músculos. E o bestiário humano faz senão alardear reiteradas vezes a estupidez em forma de grunhidos.

Que tenho pra falar de novo? Weitzenhoffer já comparou discutir com um religioso a jogar xadrez com um pombo. Eurípides disse que quando se tenta apresentar a razão a um imbecil ele te tomará por imbecil. Concordo com não me lembro quem quando este disse que liberdade de expressão é um direito reivindicado frequentemente por aqueles que esqueceram ou não cuidam de exercer a liberdade de pensamento. Este texto não há de reclamar escopo entre esses suínos. Este é só uma confissão pra quem já está do meu lado.

Odeio e repudio o Cristianismo. Coloco-me neste momento como anticristo. Não reconheço nem respeito a instituição da fé, que nada mais é que uma desculpa para encerrar discussões antes do fim, para se evadir do ônus da prova.

Meu problema é com os (ainda que pseudo-)cristãos reais, não com os cristãos de verdade que não existem, e portanto não são de verdade. O que ocorre é que sempre que eu critico os cristãos, x culpa y e diz que y é o “cristão errado”. E vice-versa. Assim os cristãos que existem reivindicam legitimidade através de um Cristão platônico inexistente, cada um afirmando a própria identidade como a desse Cristão com c maiúsculo, repudiando as barbaridades do passado e cometendo outras, que serão condenadas pelos cristãos vindouros. Dessa maneira, o autoproclamado Cristão exime a Igreja da culpa dos crimes dos cristãos ao se afirmar como único representante do Cristianismo. Mas se esse Cristão porventura se revelar um pária, a relação com o Divino que o sustentava como representante é desfeita e a instituição se safa. Meu objetivo de vida é desmascarar esse mecanismo maligno, atacar o Cristianismo como uma religião de pessoas, que existe e que é imputável através delas. E se alguém for oprimido em nome do Cristianismo, de algum de seus dogmas, ainda que dogmas propostos por pessoas, o Cristianismo deve responder por isso. Mesmo que muitos, sim, muitos, apresentem um Jesus amável, que perdoa, que diz que quem não tem pecado que atire a primeira pedra, quero me livrar desse símbolo contaminado pela História.

Inventa-se essa dicotomia entre o cristão verdadeiro e o falso. A definição é simples, o falso é o outro. Os extremistas são criticados pelo extremismo e os moderados pela moderação, uns pelos outros. Repudio a todos, porque cada um se estabelece como parte do mecanismo de sobrevivência do grande organismo parasitário. Temos sempre um lado a e um lado b, ou bem c, d... E eles esperam pra ver quem será selecionado pela moral da próxima geração pra poder roubar o dinheiro dela.

Quando as pessoas se juntam em hordas de centenas de milhões todas sob um mesmo estandarte, pregando um mesmo livro, cada um seletivo à sua maneira, não há uma verdade una nesse livro: não sejam tolos, o livro se permite interpretar de diversas maneiras -- e algumas dessas maneiras me provocam ojeriza.

Mesmo os fiéis mais indulgentes não negam que a indulgência exige a transgressão. Todos eles chamam de abominação às mesmas coisas. Se o Silas quer tomar o lugar de carrasco, isso não torna melhores os letárgicos que apenas preferiram deixar o chicote na mão de deus, confiando que as minhas (nossas) costas sentiriam o peso de sua poderosa mão.

Não reconheço nem respeito quem quer que eu morra!